giovedì, marzo 04, 2010

O VENTRE RIJO COMO SÍLEX

...as estrelas endureciam como sílex.

(...)

Mas essa noite era a da libertação e não a da revolta. Ao longe, uma mancha vermelha, escura, indicava a localização das avenidas e das praças iluminadas. Na noite agora libertada, o desejo não conhecia barreiras e era seu rumor que chegava até Rieux. (...) A cidade saudou-os com uma longa e surda exclamação. Cottard, Tarrou, aqueles e aquela que Rieux tinha amado e perdido, todos, mortos ou culpados, estavam esquecidos. O velho tinha razão, os homens eram sempre os mesmos. Mas essa era sua força e sua inocência, e era aqui que Rieux, acima de toda dor, sentia que se juntava a eles.

(...)

...o Dr. Rieux decidiu, então, redigir esta narrativa, que termina aqui, para não ser daqueles que se calam, para depor a favor dessas vítimas da peste, para deixar ao menos uma lembrança da injustiça e da violência que lhes tinham sido feitas e para dizer simplesmente o que se aprende no meio dos flagelos: que há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar. [ AQUI, A HIDROCOR, N.L., irretratável: PAS D'ACCORD. E A LEITORA SOU EU ] Mas, no entanto, sabia que esta crónica não podia ser a da vitória definitiva.

Podia, apenas, ser o testemunho do que tinha sido necessário realizar e que, sem dúvida, deveriam realizar ainda, contra o terror e sua arma infatigável, a despeito das feridas pessoais, todos os homens que, não podendo ser santos e recusando-se a admitir os flagelos, se esforçam no entanto por ser médicos.

Na verdade, ao ouvir os gritos de alegria que vinham da cidade, Rieux lembrava-se de que essa alegria estava sempre ameaçada. Porque ele sabia o que essa multidão eufórica ignorava e se pode ler nos livros: o bacilo da peste não morre nem desaparece nunca, pode ficar dezenas de anos adormecido nos móveis e na roupa, espera pacientemente nos quartos, nos porões, nos baús, nos lenços e na papelada.

E sabia, também, que viria talvez o dia em que, para desgraça *e ensinamento *dos homens, a peste acordaria seus ratos e os mandaria morrer numa cidade *feliz*.

A PESTE. PENSO NA NOITE LIBERTADA. A PARTE DO DESEJO SEM BARREIRAS, ASSIM, 'PERFUNCTADA', EXTRAÍDA DO CONTEXTO, ME SOA DE EXTREMO MAU GOSTO. OCORRE QUE, INSERIDA NA NARRATIVA INTEIRA - NO FIM, EM VERDADE -, DESCREVE A PERDA INEVITÁVEL DE LIMITES DO SER HUMANO.

ACHEI BONITO ISSO DE ACORDAR OS RATOS E MANDÁ-LOS (É, CAMUS REFERE-SE AOS HOMENS, MAS EU *ESCOLHO* ASSOCIAR O PRONOME AOS RATOS. MANDAR OS RATOS) MORRER NUMA CIDADE FELIZ. ...SE BEM QUE A MORTE DESSES MESMOS HOMENS DESLUMBRADOS, NA CIDADE SUBITAMENTE FELIZ, TAMBÉM PARECE ANGUSTIADO E IMPIEDOSO E ME DENOTA A IDÉIA DE PENA EXECUTADA - EM CURTO, MÉDIO OU LONGO PRAZO, NÃO IMPORTA. (AH, MAS O LONGO DRAMATIZA E 'RANCEIA' TUDO... )

ENFIM, ENTÃO ESTÁ BEM. MORTOS OS HOMENS NA CIDADE FELIZ. AQUIESÇO, ASSUMIDAMENTE BOÇAL - O QUE, DE CERTA FORMA, ME TORNA HUMILDE. CONVENCIDA DE TODO.

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CI SIAMO QUATTRO. E LEGGIAMO ASSOLUTAMENTE TUTTO. DOPO TRE O QUATTRO MESI. E CINQUE O SEI BICCHIERI. DI VELENO.